Quando somos crianças nossa imaginação é capaz de transformar um lençol velho numa capa de super-herói ou num lindo vestido de princesa. Podemos estar na apertada garagem de casa, onde há um pequeno canteiro e já é suficiente para nos sentirmos numa floresta.
Depois quando nos tornamos adultos não é mais aceitável imaginar que somos professores ao brincar de escolinha, ou desenhistas quando fazíamos um rabisco e a mamãe dizia que era uma obra de arte. Ao crescermos nossa imaginação é posta de lado e substituída por uma bem pequenininha, quase inexistente, afinal como extravasar idéias ousadas num universo tão sério onde elas seriam confundidas com maluquices? Felizmente alguns adultos e até vovôs infringiram esta regra chata e hoje são considerados gênios (em várias áreas).
Fico pensando como seria o mundo se as pessoas investissem em suas idéias e na maior delas, a de não ignorar a própria imaginação. Com certeza seria um mundo mais criativo, cheio de Einsteins, Da Vincis, Santos Dumonts! Enfim, a verdade é que eu mesma já não brincava mais de casinha há pelo menos uns quinze anos, até...
Até conhecer um grupo que me ensinou que este tipo de brincadeira pode ser trabalho de gente grande! A idéia funciona assim: valorizamos nossa própria imaginação, dela tiramos histórias mil, parte inventada, parte real, afinal muita coisa não é preciso imaginar, elas já existem, depois escrevemos estas histórias e daí saem os roteiros que estão prontos para virarem filmes!
Para a produção dos filmes cai bem mais imaginação. Se precisar de sangue para a cena, experimente mel e corante. Está nevando, bolinhas de isopor resolvem, no cinema o tempo é controlado pelo homem, que faz chover com uma mangueira. E nesta de inventar já gravamos nordestino em New York, história de ditadura e até demos movimento para vários clássicos da Literatura.
Ao final de cada filme, sempre me surpreendo quando vejo materializada a nossa imaginação. No ultimo trabalho do grupo gravamos o roteiro “Bicho Folharada”, uma fábula que se passa na floresta, onde moram o sapo, a mosca, o coelho e a coruja. Depois da maquiagem e alguns adereços, cada ator estava com a cara do seu respectivo personagem! Os olhos metalizados do mosquito foram improvisados com duas peneiras de cozinha e as pernas com uma enorme meia listrada em preto e branco, o sapo todo de verde, conforme manda o figurino e sua boca larga desenhada à batom, a coruja rajada com olhar misterioso arranjado com um grande óculos escuro e o coelho com enormes orelhas de pelúcia.
A floresta estava bem ao lado de casa, na chácara da vizinha. Mais alguns elementos de cena, todos improvisados (se não perde a graça). O diretor, assistentes (estes são de verdade!) e... Abre-te Sésamo! Ou melhor, Que o filme seja feito! Plin!
Não acreditou em mim? Acha mesmo que tudo que acabo de dizer é fruto da minha imaginação? É verdade que adoramos imaginar, mas adoramos mais ainda dar vida ao que imaginamos. E o filme já está na internet para aqueles que só acreditam vendo! www.youtube.com/jpmiranda82
Ah, você também quer ser um operário da imaginação? É só comparecer as reuniões do grupo Kino-olho no centro Cultural Roberto Palmari, toda quarta-feira às 19 horas.
Fernanda Tosini
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