Projeto Ficção

Saíram dois novos curtas do projeto de ficção do grupo Kino Olho, envolvendo o grupo de roteiros, este projeto tem por objetivo elaborar roteiros para serem filmados durante a semana. Os encontros ocorrem nas segundas às 19hs no centro cultural Roberto Palmari, quem quiser acompanhar as filmagens basta ir ao centro cultural nas quintas feiras, a partir das 19 horas.
O curta kino 40 fala de uma caneta que é desprezada, e o outro o kino 41 é a "composição de um quadro" ( primeiro roteiro elaborado pela turma de roteiro do kino-olho a partir da idéia de Adriano C Maia, membro do grupo)



Revista Cinema Caipira de Setembro


A Revista Cinema Caipira do mês de setembro já está disponível para encomenda e para download no seguinte endereço:
http://www.4shared.com/file/128148612/baa48c1c/modelorevistakino_SETEMBRO_.html

Neste mês a revista aumentou 8 páginas e os artigos são os seguintes:

“Cidade Baixa: o cinema erótico na retomada” de Carla Gulka
“O nascimento de uma nação; Cinema peruano e Claudia Llosa” de Natalia Barrenha
“Gênio e Louco, adorável Fassbinder” de J. Costa Jr.
“Alguns filmes de ficção científica” de Aurélio Hideki
“Os primórdios do cinema brasileiro” de Massanori Takaki
“Literatura e Cinema: Os pontos de contato entre The turn of the screw e Os outros” de Linda Catarina Gualda
“Adapte-se” de Anderson Costa Oliveira
“Pequeno ensaio sobre a Nouvelle Vague” de Fernanda Tosini
“Cinema como poema” de J.P. Miranda Maria

A influência da Nouvelle Vague no cinema do interior paulista


Após pesquisar sobre a Nouvelle Vague, percebo uma série de semelhanças (quer seja por coincidência ou influencia – aliás, aposto mais na segunda hipótese) entre esta onda que eclodiu na década de 60 e o movimento de estudo e prática cinematográfica Kino-olho. A Nouvelle Vague repercutiu mundialmente: no “cinema free” na Inglaterra, no cinema “Underground” em Nova York, o “Novo Cinema” alemão e, no Brasil, o “Cinema Novo” – acrescento ainda o recente “Cinema Caipira”, que, de certa forma também foi atingido pelo movimento de vanguarda (aponto adiante esses reflexos). Devemos considerar que o cinema contemporâneo não surgiu por si só, há por trás de sua formação toda uma história cinematográfica, a qual inclui (com considerável interferência) a Nouvelle Vague.
Assim como no movimento de vanguarda, o grupo kino-olho se reúne para discutir cinema e produzir com maior consciência a partir dessas discussões, além de se dedicar a observação e análise da história cinematográfica identificando os maiores fatos e cineastas que de certa forma, influenciaram o cinema e mudaram sua concepção. Além de nos dedicarmos ao estudo da trajetória do cinema, também existe a preocupação com o domínio da técnica a fim de colocá-la ao nosso benefício na produção cinematográfica desde os chamados filmes-ensaios.
A partir da Nouvelle Vague, os novos diretores inauguraram um cinema autoral, assim podemos observar a mesma ocorrência com o grupo kino-olho, que busca se firmar como uma vertente própria (Cinema Caipira), como um cinema único a partir da crítica do próprio trabalho para seu amadurecimento e da análise de outras importantes tendências do cinema mundial.
Além de a reflexão fazer parte do processo produtivo, temos também como semelhança a produção de uma revista de crítica cinematográfica. Na época da Nouvelle Vague, os cinéfilos expressavam sua opinião através da Cahiers Du Cinèma, onde foram publicados artigos de merecida importância por nomes como François Truffaut e Claude Chabrol. O grupo kino-olho também publica desde março de 2009 uma revista de artigos cinematográficos. A revista “Cinema Caipira”, como forma de democratizar o cinema, recebe artigos de pessoas interessadas em anunciar sua opinião, quer seja membro do grupo ou não, quer seja sobre o grupo ou não.
Temos ainda outra relação entre Nouvelle Vague e kino-olho, trata-se da produção de baixo custo, afinal, na mudança do cinema clássico para a nova onda, os novos cineastas não tinham reconhecimento profissional como os anteriores, portanto os produtores não confiavam a eles um investimento alto, assim eram obrigados a trabalhar com poucos recursos e a partir de cenários naturais exploravam as melhores possibilidades.
Também não dispomos de estúdios montados especificamente para as gravações, por isso o grupo têm que adaptar o espaço do centro cultural Roberto Palmari (onde ocorrem as reuniões) de acordo com a necessidade do trabalho a ser desenvolvido. O equipamento também é escasso, empenhamos os nossos esforços para adequá-lo às filmagens. Com poucos recursos financeiros é preciso ter criatividade para adequar o que temos disponível as necessidades de produção de um filme.
O grupo kino-olho se reúne semanalmente para a produção de curtas-metragens, como exercício prático e efetivação do estudo teórico. Nesses encontros o grupo conta com a colaboração de atores e pessoas interessadas em aprender métodos de gravação, essas mesmas pessoas acabam formando a equipe de produção. Embora não haja uma equipe grande, tentamos suprir com dedicação e interesse todas as funções necessárias para a produção dos filmes. O que também acaba ocorrendo com longas-metragens, em que geralmente há pouco (ou nenhum) incentivo financeiro, dependendo mais do desempenho dos colaboradores e muito do entusiasmo do próprio diretor João Paulo Miranda.
Embora haja várias afinidades entre Nouvelle Vague e kino-olho (na verdade a ideia de compará-los surgiu a partir de uma descoberta enquanto estudava a Nouvelle Vague, não sei até onde essas comparações são de fato reais, entretanto há sentido nessas relações - para mim ultrapassam a simples ideia de achar que não passa de um acaso), devemos reconhecer e talvez com maior crédito, as suas diferenças. Existe o respeito pela Nouvelle Vague, por tudo que ela representou na época e na história do cinema, e o quanto ela influencia as produções atuais e os diretores contemporâneos.
Mas é verdade que o cinema sofreu mudanças, assim como a passagem do clássico para a Nouvelle Vague, temos hoje em dia uma produção muito diferente do que ocorreu em 60. Existe o aperfeiçoamento adquirido através de uma maior conscientização e domínio da técnica, até a produção de uma arte mais conceitual. Sobre a abordagem do tema, enquanto a Nouvelle Vague ditava o cinema, as produções eram sempre voltadas a questionamentos sociais, colocava-se em cheque o comportamento da sociedade de uma forma radical, era preciso mostrar novas atitudes de jovens que enfrentavam hábitos tradicionais.
Hoje, é óbvio que todo o contexto social mudou, então não há mais a necessidade de radicalizar, também porque vivemos numa sociedade do livre-arbítrio em que tudo é permitido, portanto, mostrar atitudes radicais não provoca mais o espectador.
Ainda sobre o kino-olho, o grupo tem outras intenções próprias, como a valorização cultural, a democratização do cinema, a ambição de profissionalizar jovens, dentre outras aspirações que criam sua personalidade independente. Não que se negue a provar do que já existe, mas a questionar antes de aceitar. Após toda essa comparação, concluo que o importante mesmo é perceber as diferenças, o que particularmente se sobressai em cada movimento.

Uma síntese sobre a Nouvelle Vague


Há, na trajetória do cinema, momentos culminantes que marcaram sua história, entre esses períodos extraordinários destaco a manifestação da Nouvelle Vague na década de 60. Tamanha é a importância deste movimento, que podemos considerá-lo um marco no cinema, pontuando uma cinematografia antes e depois de seu sucesso.
A geração de autores pertencentes a onda Nouvelle Vague procedem de um ambiente de cinematecas e cineclubes, na destreza da crítica e na constante reflexão sobre a arte fílmica. Daí o meio propício para se construir uma nova forma de fazer cinema, com uma estética mais apurada precedente do estudo teórico posto em prática. Nesta fase o cinema passa a ser questionado e pensado, o que dá margem a novas criações muito mais elaboradas e particulares a partir de diretores, sobretudo cinéfilos.
Também é característica marcante deste fenômeno a busca por temas contemporâneos acondicionados a questões comportamentais, visto que a época de eclosão do movimento era favorável para a criação de um cinema de discussão dos costumes e caráter da sociedade burguesa.
Além da busca pela inovação do tema, esta geração procurava novos conceitos de produção, como o uso da câmera na mão, a iluminação natural em cenários e paisagens já existentes (estúdio em desuso), ou seja, acima de tudo a preferência por métodos mais livres (mas não menos complexos) que negavam o arcadismo do clássico. A Nouvelle Vague, por esse aspecto, pode ser definida como a estética de necessidade.
Os diretores da onda aspiravam por um cinema de autor, definido pelo crítico e cineasta Alexandre Astruc como a teoria da “caméra-stylo”, que vislumbrava um modo autoral de criação, como se a câmera fosse uma espécie de pincel. Logo, para ser um autor pertencente a Nouvelle Vague, era essencialmente necessário ter um espírito inovador consolidado na vontade de reformar o cinema tradicional, negando de certa forma, o padrão determinado pelo clássico.
Grande parte dos cineastas deste período expressava suas ideias através da revista Cahiers Du Cinema, destinada a novos pensadores e críticos. Foi através da Cahiers que François Truffaut publicou o artigo "Politique des auteurs", considerado o regulamento do manifesto Nouvelle Vague. Outros autores revelaram sua opinião na revista: Claude Chabrol, Jean-Luc Godard, François Truffaut, Eric Rohmer e Jacques Rivette, são alguns deles.
Já que a Nouvelle Vague foi instituída por novos diretores inicialmente sem reconhecimento profissional, conseqüentemente sem maiores possibilidades de produzir filmes com alto custo, os produtores preferiam não arriscar investindo em nomes desconhecidos e audaciosos.
Podemos supor que foi também por conta de todas essas dificuldades que os novos autores da sétima arte souberam de fato fazer cinema cujo conteúdo transcende apenas o bom gosto, explorando através do que era considerado inconcebível, a aparente simplicidade de produção que revela o complexo engenho de um filme autoral, crítico e inovador, como a época pedia.

Núcleos do Grupo Kino-Olho

Agora o grupo kino-Olho amplia suas atividades montando três diferente núcleos dentro do grupo. Agora há a turma de elaboração de roteiros de ficção, da qual o dia dos encontros é de segunda-feira às 19 horas no Centro Cultural Roberto Palmari. Há a turma de interpretação pra cinema, da qual o dia dos encontros é de quinta-feira às 19 horas no Centro Cultural. E há também a turma de documentário, da qual o dia dos encontros é de domingo às 14:30 no Centro Cultural Roberto Palmari. Todas as turmas são coordenadas pelo cineasta João Paulo Miranda Maria em parceria com a Cia. Quanta de Teatro. Os interessados deverão comparecer nos respectivos dias de seu interesse. Todas as atividades do grupo Kino-Olho são oferecidas gratuitamente.

Dois novos curtas do grupo

O Grupo Kino-Olho se reuniu na última quinta-feira, dia 6 para dar início aos novos projetos para o segundo semestre. Primeiro o grupo aproveitou a oportunidade da visita do ator rio-clarense Ilion Troya, membro do mundialmente famoso Living Theatre para dar início a prometida série de documentários. Este projeto que tem como título "retratos" tende a ilustrar as diferentes personalidades da cidade de Rio Claro, valorizando suas experiências pessoais e a História do município. O projeto de documentários exige a formação de um turma específica dentro do Kino-Olho. Esta turma que também é coordenado pelo cineasta João Paulo Miranda Maria tem como dia de encontro todos os domingos às 14:30 no Centro Cultural Roberto Palmari (o próximo será no dia 16). Os interessados apenas devem comparecer nesses dias e farão parte desta turma, pesquisando e produzindo a série. Além de iniciar este projeto o último encontro também serviu para a realização de mais um curta, mas este de ficção. O curta é uma adaptação do conto de Nelson Rodrigues e é interpretado pelos alunos do curso de teatro coordenado pela Cia. Quanta de Teatro, que também é parceira do Kino-Olho em ambos os projetos. O encontros de quinta às 19 horas serão focados nas produções de ficção. Há também o interesse de formar um outro grupo para a realização de roteiros para serem gravados nas quintas. Os interessados também devem se manifestar ou participarem do próximo encontro do grupo na quinta-feira às 19 horas também no Centro Cultural. Os dois curtas que foram realizados em apenas um dia, no horário do último encontro já estão disponíveis na internet e podem ser vistos pela página www.kinoolho.blogspot.com

Bem, além da produção de dois curtas no mesmo dia, o grupo também teve algumas notícias:
- O cineasta João Paulo Miranda Maria foi convidado especificamente a apresentar suas produções no Sesc Piracicaba no dia 29 de setembro para palestrar sobre a metodologia do "cinema caipira" e suas futuras pretensões.
- O grupo Kino-Olho realizará em breve uma Mostra Internacional de Cinema Independente em parceria com vários realizadores independentes internacionais, iniciando um projeto de intercambio de atividades cinematográficas em diferentes países. A previsão do evento é para o mês de novembro.
- A revista mensal de crítica e análise cinematográfica "Cinema Caipira" agora estará disponível gratuitamente para download nos seguintes endereços:


março

http://www.4shared.com/file/124139489/320cebb2/modelorevistakino-olhomaro.html

abril

http://www.4shared.com/file/124142817/684ddf89/modelorevistakino_abril_.html

maio

http://www.4shared.com/file/124139892/b5dffa1f/modelorevistakino_maio_.html

junho

http://www.4shared.com/file/124139865/ac237373/modelorevistakino_JUNHO_.html

julho

http://www.4shared.com/file/124139839/d8e2cb1d/modelorevistakino_julho_.html

agosto

http://www.4shared.com/file/124139797/cee949ad/modelorevistakino_agosto_.html

PS: Basta seguirem as seguintes indicações de impressão; levar o arquivo em qualquer xerox e apenas pedir para imprimir a capa colorida em papel A4 180 e as outras páginas são em preto e branco em papel A4 normal. O que é importante lembrar é que deve avisar para imprimir desta forma: A segunda página é impressa atrás da primeira (capa), a quarta página nas costas da terceira, a quinta nas costas da quarta e assim por diante. No final é só juntar, dobrar no meio e grampear duas vezes. Aqueles que prefirirem encomendar, basta entrar em conta por este e-mail e depositar o valor de 5 reais por revista (valor do custo de impressão).


João Paulo Miranda Maria
coordenador do grupo Kino-Olho
(19)96843064

Entrevista com Troya, ator do Living Theatre

O grupo Kino-olho em parceria com a Cia. Quanta de teatro retomou os encontros semanais depois das férias. Ontem estava previsto discutirmos detalhes do novo projeto de documentários que deveria se iniciar após este encontro (onde seria definido quando, onde e quem entrevistaríamos).
Mas a passagem do artista Ilion Troya na cidade de Rio Claro nos fez mudar os planos. Troya, ator do respeitado Living Theatre, companhia de teatro fundada na década de cinqüenta, retornou para sua cidade natal (Rio Claro) para visitar amigos e parentes. Há vinte anos Troya mora em Nova Iorque.
Em conversa por telefone, convidamos para participar do projeto, mas estava de partida e preferiu adiar para dezembro. Como não quisemos deixar esta oportunidade para depois, e aproveitando o ensejo do projeto, insistimos para que ele concedesse esta entrevista ainda na quinta-feira, ele gentilmente aceitou.
Então nos encontramos no Centro Cultural Roberto Palmari, eu, o cineasta e diretor do kino-olho, João Paulo Miranda, o diretor da Cia. Quanta, Jefferson Primo, o jornalista Lourenço Favari e nosso ilustre convidado para uma coletiva. Troya conversou conosco por quase duas horas, contou um pouco de sua vida desde quando morava em Rio Claro, como conheceu o Living e como foi convidado pela Companhia.
A conversa foi ótima, ele falou muito sobre o Living, de sua formação inicial por Julian Beck e Judith Malina, da repercussão da Companhia na década de 60, período reprimido pela ditadura (no Brasil, mas também por uma geração mundial presa ao conservadorismo), das passagens conturbadas da Cia. que incluem episódios de prisão, proibição de algumas peças em determinados países e até a necessidade de exílio. Enfatizou o espírito e proposta do Living e o envolvimento da Cia. em questões políticas.
O Living Theatre possui um site http://www.livingtheatre.org/index.html. Vale a pena pesquisar mais sobre o Grupo, pois seu trabalho é engajado e acima de tudo, produzem uma arte consciente.
A entrevista será editada pelo cineasta J.P. Miranda e até a semana que vem estará disponível no youtube e no blog.
O projeto continua e quem estiver interessado em participar da produção de documentários é só comparecer no Centro Cultural Roberto Palamari toda quinta-feira às 19h.
Agradecemos ao Troya pela grande oportunidade!

Nota da CNN

Thanks to the steady march of technology it's now easier than ever to make a film. To test this theory out The Screening Room issued a challenge earlier this year. We asked any potential moviemakers to showcase their talents by making a short film on a mobile phone.

The only criteria was to ensure it ran under five minutes in length. Beyond that we wanted you to allow your imaginations and handhelds to run free.

The response was some truly creative and Video visually impressive results », including a moody noir featuring a girl and gun, as well as a slice of cinema verité featuring a mother giving birth.

In the end the judges picked three very different movies for the top three places. In second and third spots respectively were a short dealing with irritating children and a lament on lost childhood.

In the end it was the noir that won the day. It was the French film director Jean-Luc Godard who famously quipped that all you need to make a film is a girl and a gun.

Brazilian director João Paulo Miranda Maria took this idea and added one last element: a mobile phone, of course. The result was an atmospheric black and white short chronicling a woman with a definite axe to grind.

The Screening Room production team judged the entries, which proved that you really don't need a big budget and an army of crew to make a beautiful movie.

To all the budding directors who took part in the competition a big thank you and good luck with your moviemaking careers.

Link para os filmes vencedores:
http://edition.cnn.com/2009/SHOWBIZ/08/06/mobile.phone/index.html?iref=24hours#

Retorno das atividades do Grupo Kino-olho

Na próxima quinta-feira (dia 6 de agosto) às 19 horas, na sala de cinema do Centro Cultural Roberto Palmari em Rio Claro, as atividades do grupo Kino-Olho de pesquisa e prática cinematográfica retornarão das férias.
Nesta quinta-feira também será formado um segundo grupo que terá um dia independente para encontros e desenvolver uma série de documentários mensais (a decisão do horário, dia e local será feita nesta quinta-feira).
Uma terceira turma também será formada para se responsabilizar pelo desenvovimento de roteiros de ficção a serem colocados em prática nos encontros de quinta-feira. Os interessados em participar de qualquer um dos três grupos deverão comparecer no próximo encontro desta quinta-feira ou manifestar seu interesse por e-mail.
Essas atividades são gratuitas e realizadas em parceria com a Cia. Quanta de Teatro e a Secretaria da Cultura de Rio Claro.

Outras informações sobre nossas atividades e filmes são encontrados nas páginas abaixo:

www.kinoolho.blogspot.com
www.youtube.com/jpmiranda82

Odes de Reis, novo filme do cineasta J.P. Miranda


Estréia prevista para Agosto, novo filme do cineasta João Paulo Miranda relê Ricardo Reis e transcreve em imagens suas características resguardando a construção estilística particular do poeta. O longa faz parte do projeto do diretor, que pretende até o fim do ano finalizar a trilogia Fernando Pessoa, tendo já lançado o "o Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro.
Na Literatura, encontramos na obra de Ricardo Reis a influência do classicismo erudito que se reflete numa linguagem clara, sintética, gramaticalmente correta e nobre e a estrutura de ode que relembra sua origem na composição poética da Grécia Antiga, em estrofes semelhantes entre si e geralmente de quatro versos e a forma complexa e variável do poema lírico, marcado pelo tom elevado e sublime com que trata determinado assunto.
Se deixa influenciar pelo Horacianismo (termo que se refere ao poeta e pensador latino Horácio) exaltando a expressão carpe diem (colha o dia ou aproveite o momento) e aurea mediocritas que expressa a ideia de que só é feliz e vive tranquilamente quem se contenta com pouco ou com aquilo que tem sem aspirar a mais, daí uma das marcas da proximidade com Alberto Caeiro (outro heterônimo de Fernando Pessoa) e um dos motivos de ser considerado seu discípulo.
Mas diferente de Caeiro, Ricardo Reis não é poeta exclusivamente do campo, sua formação intelectualizada justifica a sua escrita ilustre organizada em estrofes regulares e uso predominante de versos decassílabos e brancos e figuras de linguagem (principalmente metáforas, eufemismos e construção sonora através do emprego da assonância e aliteração), portanto seu estilo torna-se denso e construído com muito rigor.
Outra influência presente na escrita de Ricardo Reis é o filósofo Epicuro de Samos, dentre os traços reconhecidos dessa influência, verificamos a força de uma vida de contínuo prazer como caminho para a felicidade, a presença do prazer vista como sinônimo de ausência de dor, o sossego necessário para uma vida feliz e aprazível, na qual os temores perante o destino, os deuses ou a morte estão definitivamente eliminados.
Sobre o filme, identificamos a partir do trailler (que pode ser visto neste blog ou no site www.youtube.com/jpmiranda82) o classicismo erudito mostrado através de imagens que recorrem à exposição mitológica (crença e culto aos deuses e na presença divina, influencia Greco-latina), a visão intelectiva sobre a realidade no saber contemplar, a interferência da angústia e tristeza e o excesso de passividade.
Mas parece que a característica evidentemente exposta no filme revela o contraste entre erudito e moderno composto nas imagens, que não serve apenas para interpretar Ricardo Reis sob uma perspectiva contemporânea, mais que isso, é uma visão privada do cineasta, que com razão, associa o poeta monárquico à filosofia e intelectualidade. Não há outro meio de inserir Ricardo Reis se não ora na cidade, ora no campo, pois sua formação permite essa flexibilidade. Do mais, o que podemos esperar do filme é a poesia das imagens assim como fez Ricardo Reis a poesia da escrita.
Recursos técnicos, influencias metodológicas e traço estilístico não arrisco comentar, melhor ver o filme primeiro.

Fernanda Tosini
(02/08/2009)