Hitchcock-Truffaut

Acabo de ler o ultimo capítulo do livro-entrevista Hitchcock Truffaut, Ed. Companhia das Letras, 2004. Gostaria de compartilhar com o leitor deste blog minhas impressões sobre o livro que, no meu ponto de vista, julgo ser um dos melhores sobre sua carreira, talvez pelo modo com que a entrevista foi conduzida por Truffaut, que contribuiu tanto com seu conhecimento quanto com sua admiração pelo único cineasta capaz de dominar tão bem o suspense e a técnica.
A leitura se torna prazerosa não só pelo assunto e pelos diretores, mas também pelo “formato”, já que se assemelha a um diálogo natural entre “o mestre e seu apreciador”. Claro que em determinados momentos da entrevista, François Truffaut questiona as técnicas utilizadas por Hitchcock, então a conversa toma um rumo mais “profundo” que, para os realmente interessados, apenas aguça ainda mais a curiosidade.
Temos no livro uma crítica detalhada feita por quem tem propriedade para opinar e pelo próprio cineasta sobre seu trabalho, o que atribui à análise certa verossimilhança às respostas, pois não há pertinências que se refiram à interpretação de outro que desconhece a obra. Hitchcock é sincero a ponto de confessar decepção de alguns trabalhos e, de certa forma, negá-los dizendo “este não é um filme hitchcockiano”.
Além da sinceridade e da espontaneidade do diálogo, o que enriquece o livro é a descrição sobre o método do diretor e a abordagem de Truffaut ao detalhar ao máximo o percurso da carreira de Hitchcock com perguntas diretas e concisas.
Abaixo, um curta-metragem (A Girl and a Gun) dirigido pelo cineasta João Paulo Miranda, com a contribuição dos participantes do Grupo Kino-olho, o primeiro trabalho realizado neste ano durante os encontros semanais do Grupo. A intenção deste exercício não foi produzir um curta conscientemente semelhante ao trabalho de Hitchcock, mas após ler o livro e assistir ao nosso trabalho, percebi certa similaridade (por acaso)...
Para a próxima revista do mês de Junho, já em processo de preparação, estou escrevendo um artigo sobre Hitchcock analisando em sua obra um aspecto talvez pouco pesquisado, ou ainda, pouco notado: a relação entre a psicanálise e o suspense policial... mas não pretendo aqui falar do artigo, muito menos abrir o jogo sobre ele. Então leitores, no momento o recado é, sobretudo para quem gosta de Hitchcock ...vale a pena ler o livro!

2 comentários:

  1. Interessante a sua resenha, Fernanda, ainda mais quando se tratam de dois expoentes do cinema como O Mestre do Suspense e o diretor de Jules e Jim.
    Brian de Palma também foi ótimo no que diz respeito a suspense e mistério.
    Abraço.
    J.
    www.passaaregua.blogspot.com

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  2. Nossa que curioso! e por coincidencia estou trabalhando um roteiro em cima de suspense.

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