Filme Ensaio 21.03.2013

                                                      (cartaz do filme ensaio)

Mais um filme ensaio realizado nas reuniões semanais do Grupo permanente do Kino-Olho no Centro Cultural de Rio Claro. Os membros são de diferentes idades, com especialização na área ou não, porém com o mesmo objetivo de se aprofundarem em questões teóricas e prátiucas. Periodicamente são pautados temas que serão discutidos nos próximos encontros, como o caso do cineasta francês Robert, Bresson, dicutindo sua estética e relendo suas observações no livro "Notas sobre o Cinematógrafo". Esta foi a última semana a respeito do tema.

A frase "Faça aparecer o que sem você seria, talvez, impossivel de ser visto" foi a escolhida para a jovem atriz Ana Carolina Alves Pacheco falasse e interpretasse. Os resultados dos filmes-ensaios realizados por cada integrante do grupo poderá ser conferido nas postagens dentro do grupo virtual no facebook.

No momento um dos filmes ensaios, realizados em celular, está disponível abaixo para servir como base entre algumas conversas nos próximos encontros. Os filmes-ensaios não visam um produto final, mas a visualização do processo criativo e estético que o grupo reflete a cada semana.

Além da frase escolhida o grupo se desafiou a estudar reflexos da personagem e o uso da água como elemento cenográfico nas instalações do Centro Cultural Roberto Palmari, valorizando o bebedouro e uma poça d'água.

Filme ensaio 14-03-13

                                                      (cartaz do filme ensaio)

A frase de Robert Bresson: "Montar e remontar até a intensidade" foi a utilizada para a realização de mais um filme ensaio nas reuniões semanais do grupo Kino-Olho. Desta vez o ator que submeteu a performance foi o jovem Jonata de Jesus. Como um primeiro passo foi sugerido a ele uma ação repetitiva, usando um bloco de madeira que estava na sala de cinema do Centro Cultural Roberto Palmari.

Este bloco serveria para que a personagem entrasse em contato com algo simples e pesado. Suas ações se resumiam a virar o bloco em diferentes lados. Uma ação braçal para que o ator simulasse uma rotina de movimentos e trabalho. Sua procura ou descontentamento em encontrar a forma correta foi o conflito do filme ensaio que João Paulo fez.

Cada um dos integrantes do Kino-Olho traz sua própria câmera, na maioria das vezes um dispositivo portátel como celular. A intenção é que todos demostrem suas impressões particulares através da frase de Bresson, podendo criar e reformular cada ação da personagem. Nos filmes ensaios os roteiros não estão prontos.

Num primeiro momento o grupo se reune para discutir questões teóricas, como a importancia de se ter uma estética particular e dialogar com grandes nomes de vanguardas. Não basta fazer algo "legal" e que apenas diverte a platéia, e sim a busca de uma postura original atrás das câmeras. Desde a decupagem, com as escolhas de planos e pontos de vistas até o trabalho minucioso da contrução de uma mise-en-scène. Assim o momento prático do encontro é onde se concretiza a real reflexão a respeito.

Outros filmes ensaios realizados pelos integrantes do Kino-Olho podem ser vistos no grupo virtual do facebook, onde estão os links e a continuação das discussões...

Filme Ensaio 07-03-13

                                                      (poster filme-ensaio 7-3-13)

Dia 7 de março de 2013, no encontro semanal do Grupo Kino-Olho produziu-se mais um filme ensaio a respeito dos pensamentos do cineasta Robert Bresson através de seu livro "Notas sobre o Cinematógrafo". A atuação contou com Laura Rodrigues Alves e Larissa Carneccine.

Ação sugerida pela dupla buscava uma relação entre duas personagens em cena, onde em certo momento suas ações eram trocadas e finalizada com a morte de uma delas. Esta receita trágica trouxe o desafio ao grupo de poder construir pela mise-en-scène ações singelas e discretas. Cada expressão demasiada tornaria redundante, lembrando dos ensinamentos de Bresson: "Quando um violino dá conta, não use dois".

Nesta intenção busquei, mesmo com o pouco tempo, em não ressaltar e apenas dar uma impressão "neutra" cheia de possibilidades... O primeiro plano é lateral revelando a figura interpretada por Laura e que depois, justo ao meio do filme, o enquadramento é repetido, porém com a personagem de Larissa. Esta formação à primeira vista, surge como se o plano fora repetido e que as duas personagens seriam a mesma; impressão desejada por mim desde o início. Lembrando que o objetivo original é a troca das personagens. Em outros momentos esta sensação repete, por exemplo com a ação invertida do cobrir/descobrir o véu.

Adiante destaco um momento curioso, produto da edição e não do momento de captação. Quando a personagem de Laura após ter seu véu retirado, lentamente coloca sua mão sobre a boca da outra, começando uma cena de sufocação. Se continuasse a usar deste plano teria a reação de satisfação de Laura agredindo-a, o que para mim não era desejada, ainda mais pensando na pouca expressão amejada por Bresson. Desta maneira lembrei-me de outro plano; um close de Laura ainda fumando num olhar sereno e sem expressões a mais... Pronto. Bastou no momento do sufoco cortar para o close.

O espectador verá que mesmo assim, diante o close de Laura, pequenos detalhes sugerem uma leve reação da personagem, mesmo agora sabendo que no close a Laura estava imóvel.... "Sugestão" é o melhor ingrediente ao espectador, e não revelar a ele uma reação pronta, diminuindo o leque de interpretações possíveis.

Basta lembrar das frases de Bresson no diálogo:

"Todo movimento nos descobre... mas só nos descobre se for esperado"

Curiosidades a pensar:

* o olhar em lagrima de Larissa no plano do batom.
* o silêncio da segunda parte.
* cortes descontínuos.
* o gesto da palma de Laura mais como ritual do que uma ação natural.

Revista Cinema Caipira de março


A revista Cinema Caipira ISSN 1984-896x, número 49, já está disponível para encomenda e download gratuito em diversos formatos. Neste mês contamos com os seguintes artigos;

" Os Rumos do Cinema Pós-45 ”
de Linda Catarina Gualda

" Seu nome é José Dias ”
de Rafael Spaca

" Woody Allen em Rio Claro  ”
de Lucas Puntel Carrasco

"Raccord"
de Cláudia Seneme do Canto

"As terras são, verdadeiramente, de quem as protege?"
de Bruno Barrenha

"Autorecado"
de Lucas Vieira

"Django: Lincoln: No: Argo"
de Lucas Puntel Carrasco


* Pôster "28-02-2013".
de D

OBS: Os participantes desta edição tem direito a uma revista, bastando enviar por e-mail seus endereços.

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 Para encomendar a revista no valor de R$7,00 cada ou assinar a anuidade por R$70,00, envie e-mail para jpmiranda82@yahoo.com

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28-02-2013


                                                      (poster do filme ensaio)



Quinta-feira, dia 28 de fevereiro, mais um filme ensaio foi produzido no intuito de concretizar os pensamentos discutidos entre participantes do grupo Kino-Olho. Neste tivemos a presença de Laura Rodrigues Alves, artista conhecida em Rio Claro por suas performances circenses.

O tema da discussão cercou a respeito da interpretação para cinema. As idéias sobre o "ator modelo" defendidas pelo cineasta francês Robert Bresson em seu livro "Notas sobre o Cinematógrafo" foi o principal ponto das conversas. Em seus filmes as ações de seus personagens são sempre mínimas, sugerindo ao espectador uma espécie de dúvida a respeito de suas razões e gestos, ou seja; os atores mais ocultam do que revelam em cena.

Esta presença da dúvida em cena é também conhecida pelos atores através do "distanciamento", conceito de Bertolt Brecht, que idealiza um teatro onde a interpretação é mais "vertical" do que "horizontal". Estes termos, complexos e aos mesmo tempo simples, foram debatidos e analisados no grupo. O "horizontal" seria o modo sucessivo e clássico da ação e reação, enquanto, o "vertical" cria sobreposições históricas, sendo não mais apenas um personagem, mas "o" personagem épico.

Para alcançar uma verticalidade em cena, o ator precisa muito mais refletir sobre a importancia de seus atos de maneira a expressar uma espontaneidade e frescor em cada gesto. Nada é superficial, mas único. O simples gesto de colocar a mão num buraco da parede, por exemplo, é complexado como um rito de passagem ou de aprovação. Assim chegamos num cinema que ao mesmo tempo, é épico e simples (caipira).

Nestes filmes ensaios semanais, o grupo zela pelo processo, exercitando olhares e composições. Cada integrante utiliza de sua vez para experimentar e tirar suas próprias conclusões pela prática. A qualidade da captação de som e imagem nestes exercícios não são pertinentes, mas sim as composições estéticas e direção cinematográfica.

Desta vez foi escolhido um trecho do livro de Bresson, que nos revela: "Estúpida ignorância das coisas simples... Aquilo que eu rejeito como simples demais, é o mais importante."