Artigos da Revista do Cinema Caipira

A partir de agora (pelo menos uma vez por mês) estaremos publicando no blog artigos da Revista do Cinema Caipira, publicaremos os mais antigos e/ou que acharmos relevantes.
começaremos com o que é a essência do Cinema Caipira as ideias e um pouco de história do nosso grupo


UM CINEMA CAIPIRA
De J.P Miranda



    Aqui em Rio Claro, desde 2004 está nascendo um cinema local e regional, em que se forma jovens técnicos e críticos cinematográficos. Uma das principais parcerias que proporcionaram isso é a Cia. Quanta de Teatro, que oferece apoio para a produção de filmes e mantém o interesse de mergulhar num modo autêntico de interpretar a partir da própria cultura do interior paulista. Outra parceria que fortalece este nascimento cinematográfico é a TV Comunitária Cidade Livre, que oferece sua estrutura técnica para suporte de produção e difusão de nossos filmes. E por último há o cineclube CREC, que pertencente ao movimento internacional cineclubista incitou a criação deste grupo prático.
      Assim surgiu o momento propício para se criar um grupo de pesquisa e prática cinematográfica chamado KINO-OLHO, que se encontra semanalmente nas dependências do Centro Cultural Roberto Palmari com o intuito de criar uma responsabilidade conceitual, artística e cultural de se fazer cinema. Nestes encontros, além de se discutir a História do Cinema, o grupo realiza análises escritas e audiovisuais, como são vistas nos curtas do Kino-Olho (grande parte está disponível pelo youtube). Ali é o laboratório em que atores, técnicos e pesquisadores preparam seus projetos cinematográficos com a responsabilidade de se discutir os parâmetros atuais da arte, mas de maneira diferencial por ser influenciado pela cultura local. É um cinema caipira, em que suas estórias falam do mundo, mas com um sotaque próprio, uma cultura própria.
       Nós discutimos os problemas históricos, sociais e artísticos do país e do mundo, mas através de uma língua caipira, em que se valoriza o simples e o mínimo, provando que em tudo há uma poesia em potencial, pedindo para ser esculpida e se transformar numa obra de arte. Isto pode ser encontrado nas esquinas e bairros de uma cidade "caipira", precisando apenas da responsabilidade conceitual para se trabalhar este objeto. Não podemos nos sentir auto-suficientes de tal modo para ignorar as manifestações culturais da cidade para nos fecharmos em nossos próprios umbigos, querendo ser pseudocineasta, pois a História nos diz que o cinema não nasce daí. Antes de tudo o caipira é humilde e contempla o que há à sua volta, em sua casa, bairro ou cidade.
       O primeiro pacote de filmes 2006 e 2007 lançado no ano passado conta com dois longas ( O Alienista, Quieta Non Movere), dez curtas e um filme interativo (14-bis). E no ano de 2008 já foram produzidos cinco novos curtas em diferentes regiões e grupos da cidade (Liberdade de Viver, Liberdade de Escolha, Ista, Video art made in Sechiisland e Desbravadores da Assistência) que fazem parte de um projeto de difusão do saber cinematográfico para toda cidade de Rio Claro; também foi produzido o longa Guardador de Rebanhos que é apenas o primeiro do projeto Fernando Pessoa, em que estão sendo produzidos três filmes inspirados nos três principais heterônimos. Tudo isto foi feito em 2008, dando inveja a qualquer tentativa conhecida de cinema independente.

Revista do Cinema Caipira nº 1 Março de 2009


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