Rio Claro em Festival de Cinema



Mais um filme realizado pelo grupo Kino-Olho é destaque de festival nacional. Desta vez, o curta "Liberdade de Escolha" produzido em 2008 em oficina com os atores do Grupo católico Millenium. O filme conta o drama de uma família de periferia em que o pai é bêbado, uma filha se prostitui, além de contar o problema das drogas. As gravações foram feitas no bairro Jardim Guanabara, mostrando problemas comuns em famílias de baixa renda. Segundo Rogério Mattos, coordenador do festival; "O assunto tratado no trabalho apresentado no curta "Liberdade de Escolha não pode ser tratado como pobre. Ele é riquíssimo em sua essência e ele tem que ser tratado com valor, pois se trata de um olhar sobre a realidade vivida por muitas pessoas e que por muitas vezes estão sem saber que direção tomar, pois estão sem acesso a palavra. Se nós não falarmos nada, as pedras irão clamar." Atualmente o grupo de teatro Millenium se reune no Asilo São Vicente de Paulo, na rua um próximo a Santa Casa.
O Festival católico Curta-Cristo é um espaço criado para divulgação de curtas-metragens e documentários, aberto a diversas denominações cristãs que tenham trabalhos produzidos na linguagem audiovisual. O propósito é estimular as produções de curtas que expressem valores cristãos. Nascendo no estado do Espírito Santo o Curta-Cristo está receptivo as produções dos diversos cantos do país. Para incentivar o envio das produções audiovisuais, o site vai promover entre os dias 1 de Agosto a 22 de outubro de 2011, com inscrição gratuita, a mostra competitiva de curtas-metragens e documentários no site www.curtacristo.com.br, com duração máxima de 5 minutos conforme regulamento. Com base no regulamento os curtas e documentários enviados serão avaliados pela direção do evento e liberados para o público no site. Serão dois prêmios: troféu Curta-Cristo de melhor curta ou documentário por votação do juri e o troféu Curta-Cristo para o curta ou documentário mais acessado até o dia 19 de novembro de 2011. A premiação será dia 19 de novembro de 2011 na Primeira Igreja Batista em Goiaberas às 20h com duração aproximada de 1h em um evento aberto ao público. No dia 29 de outubro haverá na mesma igreja a divulgação de todos os vídeos que estão concorrendo. Para o dia do evento estamos esperando cerca de 500 pessoas de várias denominações e estados.

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Promoção* Revista Caipira - FIIK


Nos ajude a escolher o melhor filme do kino olho, para escolher o filme de sua preferência basta preencher o formulário (clique aqui) e concorra a uma assinatura anual da revista do Cinema Caipira.

O filme vencedor receberá o troféu chapéu de palha pela escolha do público. A promoção é válida ate dia 31 de outubro e o vencedor do sorteio será conhecido apenas no início de novembro.

Todas as pessoas que preencherem o formulário estarão concorrendo. Participe!

* promoção não é válida para os integrantes do kino olho

Revista Cinema Caipira de Outubro


A revista Cinema Caipira ISSN 1984-896x, número 32, já está disponível para encomenda e download gratuito em diversos formatos. Neste mês contamos com os seguintes artigos;

“O cinema como registro etnográfico;
A pichação paulistana a partir do filme A Letra e o Muro” de Daniel Mittmann

“A Boa Luta Perdida
As reminiscências dos veteranos da Brigada Abraham Lincoln no filme The Good Fight” (Continuação do artigo publicado na revista 30) de Gabriel Lopes Pontes

“A imagem contemporânea como sadismo explícito: paralelo entre cinema e as artes plásticas” de Wayner Tristão

“Triumpho com a Vitória” de Rafael Spacca

“O personagem-sujeito no filme de ficção” de Luiz Carlos Lucena

“Algumas considerações sobre Achados e Perdidos”de Linda Catarina Gualda

“O que vemos o que nos olha: uma análise do filme 1984” de Andreia da Silva Santos e Andreza da Silva Santos


OBS: Os participantes desta edição tem direito a uma revista, bastando enviar por e-mail seus endereços.

revista folheável para leitura online
http://www.readoz.com/publication/read?i=1042428#page1

revista para impressão em arquivo pdf
http://www.4shared.com/document/ZFRsaFhK/revista32_imp_.html

clique aqui para saber como montar a sua com o arquivo pdf


arquivo ePub para leitura em celulares e tablets
http://www.4shared.com/file/BcuIg1Pf/Revista32_-_Grupo_Kino-Olho.html



para encomendar a revista no valor de R$7,00 cada ou assinar a anuidade por R$70,00, envie e-mail para jpmiranda82@yahoo.com

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Artigos da Revista do Cinema Caipira - Jogo de Cena

 Além de falarmos sobre cinema em nossa revista, abrimos espaço também para a discussão de documentários pois, apesar  de uma linguagem própria, pode existir  uma linguagem cinematográfica dentro dele,  como é o caso do Jogo de Cena de Eduardo Coutinho, Assunto do artigo desse mês.


JOGO DE CENA
Por Lucylli Alves do Santos





Eduardo Coutinho é um grande documentarista da atualidade, seu trabalho caracteriza-se pela sensibilidade e profundidade. Ele mexe com a realidade humana mostrando a intimidade de pessoas comuns, e expondo a realidade de forma critica. Jogo de Cena é mais uma de suas obras documentaristas, neste trabalho ele mescla de uma forma interessante o documentário e a ficção, o verdadeiro e o falso, mexendo com os sentimentos, sensibilidades e emoções tanto de pessoas que participam quanto de quem os assiste.
O filme começa com um simples anuncio de jornal, no qual convida mulheres do Rio de Janeiro com histórias pra contar e participarem de um teste para um filme. As histórias contadas são todas marcantes na vida dessas mulheres, e são relativamente semelhantes (perdas, depressão, gravidez, projeto de vida, etc.), deixando as emoções à flor da pele, e dificultando o trabalho das atrizes, estas teriam que decorar e interpretar a seu modo as histórias contadas. Então é esse o jogo de cena que temos, é a mistura do real com o fictício. Em nenhum momento do filme Coutinho nos aponta qual é a atriz e qual é a real, mas isso muda à medida que vão aparecendo as atrizes famosas, tornando-se fácil a distinção entre elas, mas, de certo modo a mentira é contada tão sutilmente que acabamos nos deixando enganar pelos sentimentos à mostra, como as lágrimas que são percebidas muitas vezes, e pela incerteza de serem ou não bem vindas são escondidas e disfarçadas, ”quando o choro é verdadeiro a pessoa sempre tenta esconder”, diz Marilia Pêra, e que para o ator – principalmente da tela – as lágrimas são sempre bem vindas. Coutinho assim testa o espectador a tentar “adivinhar” se quem conta a história é quem realmente a vivenciou ou se é um ótimo ator em cena.
É interessante analisar a interpretação das atrizes, elas dão um tempo maior aos fatos, como se estivessem visualizando e/ou se lembrando das cenas contadas, acreditando naquilo como se fosse uma coisa de seu íntimo, tentando preencher cada tempo com um sentimento, tentando buscar a serenidade. Enquanto as reais contam de uma forma mais trivial, tentando preencher os espaços de tempo com palavras diante da câmera, talvez editando parte da história que se desenrolaria em uma outra história, e quando da um tempo maior Coutinho joga perguntas a elas, aguçando a desenvolver mais a história, ou a voltar ao foco. A gravação do filme foi feito no Teatro Glauce Rocha, com apenas duas cadeiras no palco e atrás poltronas e um teatro vazio, 12 mulheres são gravadas, - seis atrizes e seis entrevistadas -, no entanto apenas cinco delas tem uma correspondente atuando, as outras duas contam cada uma sua história. Em uma das cenas uma personagem de nome Nilza lança uma incógnita para o espectador. A personagem conta sua história com serenidade, totalmente tranqüila, com tanta certeza naquilo que fala que nos passa total segurança de que ela realmente vivenciou aqueles momentos, que ela realmente ouviu, disse, e sentiu cada coisa que aparece em sua história, e pelo fato de nenhuma outra atriz famosa interpretá-la; logo concluímos que então não será interpretada, que ela é uma pessoa normal que está contando a sua história para um documentário, e é então que mais uma vez nos espantamos com a arte da interpretação, pois ao final de sua cena ela olha diretamente para a câmera e diz, “Foi isso que ela disse”.
Isso mostra o quanto acreditamos naquilo que nos é apresentado, acreditamos por ser uma pessoa desconhecida, por ser inédita, tanto a história quanto a situação, ou seja, basta ser convincente para receber nossa aceitação. E é a partir daí que o jogo e a dúvida começam, pois o convincente não é mais o suficiente. Em uma outra cena interpretada por Fernanda Torres, ela fica meio perdida, a interpretação chega a construir um outro pensamento tanto nela quanto em nós, nos mostrando o quão difícil é fazer um personagem real, e mostrando suas fragilidades como atriz.
Fernanda se perde na projeção de imagens pela palavra, construindo um personagem através de sua respiração, do modo como-se-fala, do ritmo da conversa, “a diferença é que como personagem fictício se você atinge um nível medíocre, você pode até fixar ali nele, porque ele é da sua medida, com o personagem real a realidade esfrega na sua cara onde você poderia estar e você não chegou” diz Fernanda. Se a história que ela recebeu para decorar/interpretar fosse uma “mentira”, ela conseguiria de primeira, mas nisso você acaba mexendo no real, modificando uma história que tem um significado, que teve um propósito pra se formar, por isso as atrizes quiseram seguir a risca seus textos, mas na interpretação não é apenas ler e dizer, tendo todo um processo que é posto em prática a partir do momento em que você aceita fazer um personagem. Você tem que pensar como ele pensou, ou pelo menos tentar entender, ler as coisas que ele fez como se estivesse se lembrando de quando você mesmo fez aquilo, enfim, entrar em todo um processo de “formatação” não da pessoa que você é, mas sim da pessoa que vai ser por um momento, pois, o fictício muito bem contado ele acaba atingindo um nível muito além do real. Quando Eduardo Coutinho diz: "Ao se aproximar mais do real o documentário vira ficção”, é exatamente isso que acontece em Jogo de Cena, o real vai a seu extremo, o fictício por sua vez também chega a esse limite, conseguindo assim nos mostrar que o documentário e a ficção de certa forma estão juntos, se encaixam, pois, o documentário é o que decidimos acreditar, e a ficção é projetada para que acreditemos, mesmo sabendo que não é real.



Revista do Cinema Caipira Número 4 -  Junho de 2009