Ensaios sobre o "Kino-Olho"


Nos anos 20 na Rússia, o realizador Dziga Vertov, se empenhou em se aprofundar sobre o fazer cinematográfico. Ele buscava a essência do que seria a sétima arte, destacando algum elemento nato não encontrado em outras artes. A idéia do Cinema ser um conjunto de outras artes era algo inadmissível.

Este "olhar" único do Cinema, ele chamava como Kino Olho. Um olhar além do humano, desvendando novas interpretações e revelações sobre a realidade. Seus operarios do Cinema, os "Knocks", exploravam a Rússia com suas câmeras. A idéia norteava o milagre da arte cinematográfica, que em suas imagens em movimento capturavam a espontâneidade da vida.

Neste caminho de reflexões audiovisuais, os participantes das últimas reuniões semanais do Kino-Olho, rascinharam em formas de filmes-ensaios. Na noite do dia 6 de junho, o grupo encontrou um cenário pronto na sala de cinema do Centro Cultural Roberto Palmari. Este seriva de palco para algumas apresentação à escolas públicas.

O tema da peça era o meio ambiente. No palco havia este cenário simples e minimalista constituido por duas cortinas: Uma era escura cheia de ilustrações de lixo e poluição; a outra era clara com flores e muita cor. Vendo este material improvisamos um cena junto a Larissa Carnecine e Jonata de Jesus. Não havia diálogo ou história, como sempre fazia Vertov.

O que havia era apenas uma situação, explorando sensações adversas conforme as marcacões de cena. Basicamente Jonata estava entre as duas cortinas, preso num certo espaco à parte. Ali ele caminhava em direção à câmera, procurando uma saída. Do outro lado estava Larissa, que fugia da câmera. O encontro entre os dois parecia impossível.

Sinos tocam em cena, como se anunciassem um possível encontro, que em trocas de olhares parecia próximo. No final os dois personagem se encaram; na verdade encaram a câmera. Tudo simples e realizado com um celular e uma lente fotográfica.

No segundo ensaio, agora contanto com um ator da Cia. Tempero D'Alma ( Marvel Pedroso) e Jonata de Jesus, criamos uma outra cena. Neste filme-ensaio da noite do dia 13 de junho tivemos uma nova surpresa na sala de cinema: Um ventilador. Assim pensamos numa ação entre os dois atores dialogando junto à uma máquina.

A "máquina" servia como em Vertov, um forma de retratar algo super humano, um objeto que possibilita a efetuação de "milagres" não possíveis por um ser humano. O vento era a ação do objeto, como meio de encontro com os atores. Estes também se comunicavam jogando gritos ao vento.

Ambos os ensaios se resumiriam como experimentação e performances. Servem de exemplos para nos aprofundarmos e mergulhar sobre uma arte, muito nova, comparado às artes mais clássicas. Há nela mistérios e estéticas para se descobrir...

Veja os dois filmes abaixo


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