A procura de um invisível.

Nos últimos encontros do Grupo Kino-Olho neste primeiro semestre de 2014, houve uma grande pretensão  em abordarmos valores mais artísticos e teóricos sobre composição de imagens. Um dos objetivos foi iluminar os participantes para procurarem em seus trabalhos práticos aspectos "invisíveis". Este elemento não visível estaria de alguma forma interna nos elementos dentro de quadro ou mesmo externos e ocultos.

Muito se pensa que na produção cinematográfica o realizador precisa ter condição e talento para mostrar belas imagens ou mesmo complexos cenários, ricos em pequenos detalhes. Em outras palavras facilmente pensaríamos que quanto mais melhor. Ainda mais se lembrarmos a todo momento que o Cinema é arte da Imagem, onde se concentram a maioria dos esforços. Porém nestas discussões dentro do coletivo houve uma outra resolução.

Para nós, as imagens precisam de alguma forma suscitar ou inspirar o "invisível", mostrando quanto menos melhor. Isto pode soar como algo fácil e contra-mão às grandes produções conhecidas, porém é muito mais difícil do que se imagina. A composição do quadro (ou mise-en-scène como costumamos chamar) é na verdade uma espécie de "janela"em que nela não temos nenhuma ação, a não ser uma paisagem de possibilidades. Nesta paisagem pode surgir algo ou alguém, mas pode não aparecer nada. O importante é haver uma certa contemplação e estado de espera, em que qualquer coisa pode acontecer.

Não há um direcionamento convencional, no sentido que as coisas agem segundo um ritmo específico que resulte num significado comum. Tudo seria espontâneo sem previsões. As ações surgem como contradições ao nosso pensamento, surgem como se ainda estivéssemos tentando encontrar um significado. Assim o objetivo da pesquisa é olhar de modo diferente se posicionando segundo uma nova idéia. A câmera está direcionada para um momento "entre", em que ainda não aconteceu nada e talvez nem chegue a acontecer.

Cada um dos participantes da noite de 3 de abril, pegaram o celular como câmera e procuraram estas imagens no Centro Cultural de Rio Claro. Suas imagens ilustram esta discussão tida, havendo formas de perceber pelo espectador um pouco do que está escrito deste texto. Não procure achar sentido, mas sim, entender que o processo cinematográfico é mais complexo de que criar belas imagens. O belo aqui está aonde menos esperamos.

O link deste ensaio https://vimeo.com/91111765

Um comentário:

  1. Ótima aula, ótimo texto! Obrigada, grande professor, João Paulo Miranda!

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