O exercício de fazer Cinema

                                                      (Poster Filme ensaio 23/05/13)


Toda semana o Grupo Kino-Olho, em Rio Claro SP, se reune para discutir teoria e prática cinematográfica. Um dos métodos usados para se apreender as conversas é o "Filme-ensaio". Uma espécie de exercício, onde não existe inicialmente um resultado almejado, mas uma relação entre  conteúdo e forma. Pensamentos sobre vanguardas, escolas e realizadores são pautadas em "conversas audiovisuais", em qualquer tipo de equipamento, improvisando uma ação cênica.
Para o grupo, Cinema é um hábito rotineiro, possível de ser notado em qualquer espaço e contexto. Aqui o mínimo é sempre o melhor meio para exercitar o controle e observação cinematográfica. Os participantes, mesmo ainda iniciantes na área, produzem a seu modo um conteúdo audiovisual, inspirado nas conversas e conteúdos ditos. A questão não é de imitar algo, ou experimentar técnicas de terceiros. O que se apreende é o seu próprio modo de observação, sabendo lhe dar com a estética particular que se organiza a seu próprio modo.
Não há a forma certa, pois o que funciona para um realizador, não funcionará a outro. Logo de inicio precisamos esquecer destes tipos e tentar ter uma certa "ingenuidade" diante de uma possível cena. Um dos grandes nomes discutidos na noite do dia 23 de maio de 2013 foi o de Jean-Luc Godard. Para entendê-lo um pouco a mais, assistimos à um de seus filmes roteiros, o que relaciona seu longa Sauve qui peut ( la vie) . Para Godard os filmes roteiros serviam como um modo de organização de suas idéias pré ou pós filme. Insights e pensamentos sobre a sétima arte se misturam com uma apresentação do que seria o filme que estaria a realizar.
Este exercício, feito em outros momentos, era a base para se firmar em pontos estratégicos em que o diretor mergulhava para compreender o próprio filme. Estes filmes roteiros estavam longe de serem alguma espécie de bastidores de um set de filmagem, mas almejavam entrar na própria mente do autor para descobrir uma justificativa.
Godard já havia ressaltado o interesse de filmes que relatavam mais o processo do que uma idéia pronta, ao lembrarmos de seu Grupo Dziga Vertov, formado na década de 70. Naquele momento surgia um reconhecimento a um grande realizador russo dos anos 20, Dziga Vertov, que não fora valorizado em seus anos de produção. Isto se deve à sua estética que sempre queria ressaltar o mecanismo de se produzir um filme, revelando os aspectos da ilusão do espetáculo (algo que apenas seria explorado através de vanguardas modernistas do Cinema nos anos 60).
Vertov criou um termo para poder ilustrar este poder único, que apenas poderia ser visto pelo olhar mecânico da filmadora e de uma mesa de corte. A este olhar ele denominava "Kino-Olho".
Assim, entre outras conversas paralelas, os membros do Kino-Olho, reunidos nesta quinta-feira a noite no Centro Cultural Roberto Palmari, realizaram mais um filme ensaio.
Desta vez a cena foi improvisada durante a própria duração dos planos, onde atores recebem instruções no próprio ato. Suas reações são espontaneas por não saberem o que exatamente devem fazer, apenas esperam, com pequenos gestos e falas, formar aos poucos uma possível narrativa. Mesmo assim há momentos em que tal descrição é abandonada para explorar novas sensações.
No elenco deste filme ensaio estavam a Larissa Carnecine e Jonata de Jesus. Equipe e atores se misturam no mesmo quadro, improvisando tudo que é visto, sem pensar, mas apenas agir de formas diversas e antagônicas.

Link do filme ensaio https://vimeo.com/66945982

(Stills do filme)








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