28-02-2013


                                                      (poster do filme ensaio)



Quinta-feira, dia 28 de fevereiro, mais um filme ensaio foi produzido no intuito de concretizar os pensamentos discutidos entre participantes do grupo Kino-Olho. Neste tivemos a presença de Laura Rodrigues Alves, artista conhecida em Rio Claro por suas performances circenses.

O tema da discussão cercou a respeito da interpretação para cinema. As idéias sobre o "ator modelo" defendidas pelo cineasta francês Robert Bresson em seu livro "Notas sobre o Cinematógrafo" foi o principal ponto das conversas. Em seus filmes as ações de seus personagens são sempre mínimas, sugerindo ao espectador uma espécie de dúvida a respeito de suas razões e gestos, ou seja; os atores mais ocultam do que revelam em cena.

Esta presença da dúvida em cena é também conhecida pelos atores através do "distanciamento", conceito de Bertolt Brecht, que idealiza um teatro onde a interpretação é mais "vertical" do que "horizontal". Estes termos, complexos e aos mesmo tempo simples, foram debatidos e analisados no grupo. O "horizontal" seria o modo sucessivo e clássico da ação e reação, enquanto, o "vertical" cria sobreposições históricas, sendo não mais apenas um personagem, mas "o" personagem épico.

Para alcançar uma verticalidade em cena, o ator precisa muito mais refletir sobre a importancia de seus atos de maneira a expressar uma espontaneidade e frescor em cada gesto. Nada é superficial, mas único. O simples gesto de colocar a mão num buraco da parede, por exemplo, é complexado como um rito de passagem ou de aprovação. Assim chegamos num cinema que ao mesmo tempo, é épico e simples (caipira).

Nestes filmes ensaios semanais, o grupo zela pelo processo, exercitando olhares e composições. Cada integrante utiliza de sua vez para experimentar e tirar suas próprias conclusões pela prática. A qualidade da captação de som e imagem nestes exercícios não são pertinentes, mas sim as composições estéticas e direção cinematográfica.

Desta vez foi escolhido um trecho do livro de Bresson, que nos revela: "Estúpida ignorância das coisas simples... Aquilo que eu rejeito como simples demais, é o mais importante."






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