A interpretação no Cinema Caipira



No dia 26 de setembro, última quinta-feira, o grupo se reuniu para filmar o roteiro escrito por Rogério Borges. A história aborda de forma ironica a figura do "guru" nos dias de hoje, em que possui seguidores e "sabedoria" sobre o mundo. Este foi um filme ensaio do grupo no gênero cômico. Para o papel principal do guru contamos com Jonata de Jesus, jovem ator que frequenta há muito tempo nossas atividades e que particpou de dezenas de filmes conosco.

A sua simplicidade e despojamento de um senso "ridículo" (algo que prestigiamos muito num ator) interpretou com irreverência e forte presença a personagem. Nos últimos filmes ensaios buscamos um estudo maior sobre o diálogo em cena, sendo uma dificuldade comum entre os atores que frequentam nosso processo criativo. Assim resolvemos nos aprofundar na interpretação de Jonata e pedindo mais que a atuação visual.

Lembro de um antigo artigo do qual publiquei nas primeiras edições da nossa revista Cinema Caipira ( hoje na edição 55), sob o título "Por um ator torto". Neste texto busquei explicar o processo de interpretação de vários filmes que realizamos anos atrás em parceria com a Cia. Quanta de Teatro, como "O Alienista", "14-bis" e "Quieta non movere". Naquela epoca buscava um tal cinema caipira, não querendo imitar Mazaropi ou mesmo ficar no universo rural. A idéia era em torno da observação do cotidiano do interior paulista.

Naquele momento destaquei no meu artigo detalhes sobre uma atuação "torta", inspirado em quadros de Portinari, procurando um ator de "mãos" e "pés", ou seja, com força corporal e não facial. Procurar nos atores questões de posturas específicas em que se olhassemos para seu rosto não saberiamos qual seria seu próximo movimento. Ofereceria ao espectador um ator imprevisível e espontâneo em cada gesto.

Ao observar tanto meus filmes como os ídolos da sétima arte, me identifiquei nesta busca de um cinema caipira, em que os personagens são rústicos, de forte presença física, poucos gestos, pouca expressão facial e dotado de grande simplicidade em cena. O Jonata é um ator que possui estas caracteristicas, mas que ainda precisa ser lapidado.

Voltando ao filme em questão, preciso ressaltar a atuação de Larissa Carnecine, que vem supreendendo a cada novo filme ensaio em que atua. Também destacar a incrível contribuição de Ana Paula Rodrigues Duckur, que se responsabiliza nas últimas produções na criação de arte, pensando conceitualmente os figurinos, objetos de cena e cenário. Além destes participantes contamos sempre com o apoio da Cia. Tempero D'alma em nossas produções e da Prefeitura e Secretaria da Cultura de Rio Claro.

O link do filme pode ser conferido clicando em https://vimeo.com/75646794

Abaixo algumas fotos tiradas do próprio filme:










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